Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
A noite das ilusões
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
Portugal presente
Pisamos carcaças de mexilhões, milhares, para chegar ao pontão. Ruben fala dos naufrágios que têm matado gente, até na rua dele, até na família. Nisso, 2009 foi piedoso.
"Antigamente, Caxinas era um povo unido, um pouco isolado do mundo, mas agora já não."Para o bem e para mal? "Sim, é verdade, tem sido fragilizada tanto pelo desemprego como pela vida do mar." Ruben assenta os ténis nos limos do pontão e olha firme para a câmara fotográfica, camisa branca impecavelmente passada, cachecol de lã cinzenta, computador portátil debaixo do braço. Foi assim que chegou junto a nós este oitavo filho de um pescador de Caxinas.
"Tenho cinco irmãos e duas irmãs, mas hoje em dia as pessoas optam por ter um filho, dois no máximo."
A areia está cheia de patas de gaivota no sentido da Póvoa de Varzim. "Caxinas tem uma coisa boa, que é estar entre duas cidades grandes que se estão a desenvolver." Mas basta ficarmos voltados para o mar e é como se não houvesse cidade. Não se houve nada.
Voltando à marginal, os velhos continuam a jogar no seu abrigo de vidro. Olhando melhor também há vários homens jovens ou de meia-idade. Desempregados, numa segunda-feira à tarde.»
Excerto da reportagem " 2009 O pior ano da vida deles ", de Alexandra Lucas Coelho, Pública, 27/12/2009
O Portugal Futuro
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo
J. Laurent
"J. Laurent e Portugal " exposição no CPF. Ver aqui no blogue " Grand Monde " de Angela Camila Castelo-Branco.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Noites Brancas
1 ) Excerto de " Noites Brancas ", de Fiódor Dostoiévski, Trd. Nina Guerra e Filipe Guerra, Ed. BI
2 ) Excerto do filme de Luchino Visconti, baseado na novela e realizado em 1957.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Onde está Deus, mesmo que não exista?
Uma infância nova, uma ama velha outra vez, e um leito pequeno onde acabar por dormir, entre contos que embalam, mal ouvidos, com uma atenção que se torna morna, de perigos grandes - penetravam em jovens cabelos louros como o trigo... E tudo isto muito grande, muito eterno, definitivo para sempre, da estatura única de Deus, lá no fundo triste e sonolento da realidade última das Coisas...
Um colo ou um berço ou um braço quente em torno ao meu pescoço...
Uma voz que canta baixo e parece querer fazer-me chorar... O ruído de lume na lareira... Um calor no inverno... Um extravio morno da minha consciência... E depois sem som, um sonho calmo num espaço enorme, como a lua rodando entre estrelas... "
Excerto de " Livro do Desassossego " de Fernando Pessoa, Ed. Richard Zenith, Assírio & Alvim
Excesso de ruído?
«Al final todo se reduce a una cuestión de decibelios: a 47 llegaron los gemidos de los coitos de Steve y Caroline Cartwright. Un registro que los ha convertido en el hazmerreír de los tabloides y en la peor pesadilla de sus vecinos, que los han denunciado por quebrantar el silencio de su urbanización.» continuar a ler aqui.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Sublimes músicas religiosas
Excerto de " A paixão segundo S. Mateus ", de J.S.Bach, orquestra dirigida por Gustav Leonnardt
"Tekbir/Taleal Bedru Aleyna " - Ercan Irmak
Minaretes
« El gobierno de Erdogan critica a Suiza cuando en Turquía es casi imposible construir un templo que no sea mezquita. » continuar a ler aqui.
Fran Martínez, El Mundo, 06/12/2009
Minaretes, Índia
«O voto contra os minaretes na Suíça é só um sinal. Dos palcos políticos à Internet, por toda a Europa emergem manifestações de medo ou desconfiança em relação aos muçulmanos. Há indicações de que a discriminação está a aumentar, dizem especialistas ouvidos pelo PÚBLICO. » continuar a ler aqui.
Alexandra Lucas Coelho, Público, 06/12/2009
A memória triste da linha do Sabor*
sábado, 5 de dezembro de 2009
Retratos de Pierre Gonnord
Retrato de mulher transmontana, por Pierre Gonnord, ler aqui entrevista e mais fotografias, publicadas no El País.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Cenas da vida conjugal(2)
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Canção do dia(21): " Natação obrigatória " - Banda do Casaco(1980)
passámos no tudasaque
não há mal que mal nos fique
nem há cu que não dê traque
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo
Andámos no malsalgado
brigámos no daceleste
e o escorbuto mal curado
com tratamento indigesto
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo
Natação obrigatória
na introdução à instrução primária
natação obrigatória
para a salvação é condição necessária
não há cu que não dê traque
não há cu que não dê traque
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo
Pusemos a cachimónia
em papas de sarrabulho
e quando as noites são de insónia
damos voltas ao entulho
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo
Aprendizes da política
só na tática do "empocha"
vem a tempestade mítica
e s cabeça dá na rocha
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo
Trás-os-Montes
«Trás-os-Montes, o primeiro filme que assinou com António Reis, tornou-se uma referência para toda uma geração, e 33 anos depois da estreia continua a ser a súmula de algo português. "Para um povo e para um país à procura de si próprios", escreveu João Bénard da Costa, "é uma das poucas pedras do caminho que nos pode ajudar a reencontrar a direcção".»
Alexandra Lucas Coelho, Pública de 29/11/2009
Trás-os-Montes
«Por que vive aqui?
São razões pessoais, privadas. Não é por gosto. Senti-me no dever de vir há anos, estou arrependida, gastei dinheiro a recompor a casa e outras coisas, mas não foi uma escolha, foi por obrigação, pronto. Gostava de ter ido para Bragança, e a segunda escolha era dar a volta a vários pontos do mundo, porque adoro viajar. Tanto posso estar sozinha muito tempo, e estive aqui cinco anos sozinha, como posso andar a correr pelo mundo. Gosto de extremos.» continuar a ler aqui.
Entrevista de Alexandra Lucas Coelho a Margarida Cordeiro, fotografias de Nelson Garrido, Pública de 29/11/2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Fé em Deus
Isabel Freitas, cliente do BPN, em greve de fome junto ao balcão da Boavista-Porto
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Quando a esmola é grande o pobre desconfia
Luísa Pinto, Público, 24/11/2009
Impostos(2)
Martim Avillez Figueiredo, Jornal i, 24/11/2009
domingo, 22 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
Premonição?
Excerto da crónica " A procura da vítima expiatória ", de Joaquim Aguiar, publicada na revista Atlântico Nrº 3, de 26/05/2005
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Palavras levadas pelo vento
Frases sopradas pelo vento:
- Agora tens que tratar dos papéis para o desemprego!
Uns passos mais à frente,
- Não te chega a experiência de 6 anos que tiveste com o outro?!
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
A confissão de Vara
Excerto de " O Banqueiro Anarquista ", de Fernando Pessoa
domingo, 15 de novembro de 2009
O homem que gostava de peixe*
«O que terá levado estes homens, acusados de actos ilícitos e de conspirações para fins eticamente reprováveis, a encontrarem-se aqui e não noutros locais? O ambiente? A possibilidade de passarem despercebidos? A proximidade dos seus locais de trabalho (nunca eram jantares, só almoços)? A facilidade de acesso? A qualidade do serviço? A comida? O preço? O acaso?
» ler aqui artigo completo.
* reportagem de Luís Francisco, ilustração de João Fazenda, P2(Público) de 15/11/2009
...
e o que eu escutava ao servir-lhes refrescos eram tosses e pigarros, e o que eu via ao entregar-lhes os copos eram pobres velhotes inofensivos, em camisa, desidratados, à beira da síncope, enxugando-se com o lenço, à procura de bobines e de gravadores nos saquinhos de sementes e na terra dos vasos, militares que prometiam regimentos façanhudos e colegas que profetizavam aldeias inteiras desembarcando de autocarro em São Bento, abades cabeludos aos berros nos púlpitos de Trás-os-Montes, você vai ver isto é facílimo acredite, a assembleia disposta a votar por unanimidade
por unanimidade afianço-lhe
o derrube do usurpador enquanto um cavalheiro centenário, a dormitar num banquinho de lona de nariz nas orquídeas, emergia de tempos a tempos do seu coma para exigir a espreguiçar-se num crocito sonâmbulo
- Não me vou daqui sem as Finanças não me vou daqui sem as Finanças
e até à noite, já sem se distinguirem nas trevas, distribuíram pastas, secretarias, embaixadas, comendas, direcções-gerais, esquartejando Portugal entre si como um borrego, com o velhote a insistir numa teimosia férrea
- Não me vou daqui sem as Finanças
partindo finalmente numa prudência de sussurros, com medo de aparelhos de escuta da polícia disfarçados nas guelras dos peixitos do lago, a esbarrarem no caramanchão e na capoeira enervando as galinhas, a picarem-se nos espinhos das rosas que boiavam no escuro, o senhor doutor para mim desiludíssimo
- Uma cambada de gágás Titina »
Excerto de " O Manual dos Inquisidores ", de António Lobo Antunes, Ed. Planeta DeAgostini, 2000
Leituras de domingo(5)
Eu não amava o meu pai. Um homem que faz 15 filhos a uma mulher não é respeitável! Ele respeitava Franco, respeitava o nacional-catolicismo. Era respeitado pelo franquismo, pela igreja: Tudo isto me parecia irracional, animalesco. A partir de determinado momento, deixámos de discutir. Se tinha que o ajudar em algum aspecto, económico ou outro, ajudava-o, mas nunca teve o meu carinho nem o meu respeito.
Nem quando era pequena? Nunca foi para si o pai herói? O pai-Deus, bom, grande, omnisciente, omnipotente.
Nunca tive essa ideia. Pergunto-me como é possível que haja mulheres que continuam a sentir fascinação pela figura do pai. É a figura do impositor, do guerreiro, o depositário da autoridade divina e social. Eu rebelo-me contra isso, geneticamente e ideologicamente.»
« Como é que tem assistido à polémica que envolve " Caim "?
Estes colunistas de merda, tão jovens, submissos, obsoletos, em vez de pensarem: "Um tipo com 86 anos que enfrenta Deus, que enfrenta a sociedade... Que sorte ter um homem com esta capacidade de rebeldia!", perguntam: "Quem é? Quem escreve? Não gosto!" Estou indignada de ver o pouco livre que são os jovens, o quão convencionais são, o quão cansados estão. Estão assustados porque José tocou num livro sagrado. Mas quem disse que o livro é sagrado? Que mentes tão pequenas julgam a obra pública. Não conseguem ver a grandeza nem de uma ponte nem de um ser humano. Têm uns óculos que lhes deve dar para verem o tamanho do seu pénis... pequenino.»
Excertos de entrevista de Anabela Mota Ribeiro a Pilar del Río, publicada na Pública de 15/11/2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Ao som de Haydn
Atrás de mim, duas senhoras para quem não dirigi o olhar.Conversam:
- Sabes que o Godinho é meu vizinho?
- Ai sim!?
- Ele contratou o Rodrigo Santiago, é o único capaz de o tirar da prisão.
- Oxalá!
E os sons de Haydn calaram a conversa.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
...
domingo, 1 de novembro de 2009
Leituras de domingo(4)
Hoje vi um poema na parede com o teu nome por baixo. Quando morreste, o Mário Correia, do centro de música de Sendim, ficou sem fala. Depois foi ao livro dos visitantes e emoldurou aquilo que lá tinhas deixado no dia 23 de Julho de 2003.
E assim estás lá, no meio dos discos, dos filmes, das 1800 horas de música recolhidas pelas aldeias, e até hoje há uma cadeira vazia no Festival Intercéltico que é tua, diz o Mário. Foi ele que pela primeira vez te pôs uma gaita-de-foles nos braços, que festa.
O país de Lisboa enfeita-se de vez em quando com Miranda, mas aquilo eras tu.
Quantas textos nos mandaste daqui? Quantos concertos da June Tabor, quantos Intercélticos, quanta paixão?
Havia a música, a gente tocava, dançava, comia e bebia. E às tantas tu ias sozinho pelo planalto, ver a lua, ver o rio.
Diante do princípio do mundo que é o Douro em Miranda talvez Lisboa esteja extinta. Ou talvez tudo possa ainda começar.
Nas arribas hoje de manhã era Verão, o rio polido, as pedras quentes. Ma já havia árvores douradas e vermelhas e as folhas dos choupos flutuavam na água.
À hora do almoço fomos comer a posta à Gabriela. As alheiras, de entrada, tinham sido feitas ontem. Provámos compota de figo, abóbora, marmelo, ginja, cereja e pêra.
A Adelaide diz que já ninguém passa fome em Sendim, mas o pastor Lázaro, de Duas Igrejas, contou-nos que um pastor se enforcou há dias, deixando oito filhos, porque já não podia com as dívidas.
Ao lusco-fusco, as pedras entre Sendim e Bemposta pareciam grandes animais deitados.
A lua entrou antes do sol sair, quase cheia.
Não via a casa do teu Sporting, só a do Benfica, e à noite, na televisão, passou o Porto-Belenenses.
Na associação dos pauliteiros em Duas Igrejas poucos olhavam para o jogo. Os mais velhos batiam cartas, as raparigas comiam castanhas, os rapazes abriram o salão e fizeram três danças com os paus, incluindo a do salto de cavalo. Estavam cheios de proa por terem ido à América em Junho. Puseram-se a dançar em Times Square com as saias e tudo.
Hoje, domingo, 1 de Novembro, Miranda vai ver os seus mortos, levar-lhes flores, falar com eles. Parece que daqui se ouve melhor.
O Mário contou que quando vocês iam às arribas, ele dizia: " Como somos pequenos." E tu dizias: "Estás enganado, aqui somos enormes."
No poema que deixaste em Sendim, há este verso: "E das pedras se faz luz."
Fazias tu, e era isso que a gente lia.
( Fernando Magalhães, jornalista fundador do Público, morreu a 15 de Maio de 2005, aos 49 anos)»
" Carta de Miranda para o Fernando ", crónica de Alexandra Lucas Coelho, P2, Público, 01/11/2009
Morreu António Sérgio
«O histórico radialista António Sérgio, o homem que foi a voz do "Lobo", morreu hoje de madrugada, aos 59 anos. A notícia foi confirmada ao PÚBLICO por Luís Montez, dono da rádio para a qual trabalhava actualmente, a Radar FM. Segundo Montez, António Sérgio terá morrido na sequência de um ataque cardíaco.» continuar a ler aqui.
Susana Almeida Ribeiro, Público Online, 01/11/2009
Pus o " Let it come down " dos Spiritualized a tocar. Estava a ouvir " Do it all over again " , ligo o computador e abro a página do Público. Morreu António Sérgio.
Quase chorei. Era um dos meus "heróis". Deu-me o " Som da Frente ", deu-me o " Grande Delta ", ajudou a construir a XFM( a " Ilha dos Amores " da rádio). Deixei de o ouvir por razões várias, embora continuasse a acompanhar o seu percurso.
Em sua homenagem, vou por a tocar a colêctanea do " Som da Frente ".
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Banqueiros...
- Perdão?
na cela de Caxias dei com os meus irmãos, os meus sobrinhos, os meus sócios, cada qual com o seu telefone em punho, a arrastar um pedaço de fio na ilusão de transferirem uma ninharia de dólares para Denver, para Paris, para Tóquio, para Barcelona, todos eles sem atacadores nem gravata a perguntarem à uma aos aparelhos mudos
Lá como cá
Branqueiros ?
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Canção do dia(10): " Across the Universe "* - Laibach(2006)
* original dos Beatles
Viver para além da morte
domingo, 25 de outubro de 2009
Leituras de domingo(3)
Excerto de " Os Génios do Cristianismo ", de Henri Tincq, Trd. Público, Ed. Público, 1999
« Na saída principal, a turba esmagava-se, empurrava-se, atropelava-se, umas pessoas perdiam o chapéu, outras benziam-se... Da porta lateral, da qual se estilhaçaram dois vidros, saiu, recamada de ouro e prata, mas também espavorida e sufocada, a procissão com o coro. Manchas douradas vogavam no mar negro, do qual emergiam barretes purpúreos e mitras, e as bandeiras inclinavam-se, para transpor as portas, e voltavam logo a erguer-se.
Geava e toda a cidade parecia fumegar. O adro da igreja, conspurcado por milhares de pés, gemia sem cessar. Uma névoa glacial pairava no ar estático e subia para o campanário. O pesado sino de Santa Sofia tocava com força, a tentar abafar toda aquela horrível e vociferante desordem. Os sinos mais pequenos também faziam o que podiam, sem tom nem som, como se o próprio Diabo, oculto numa sotaina, se tivesse instalado no campanário e puxasse as cordas dos sinos, para se divertir. Pelas fendas negras do alto campanário, viam-se os sinos badalar, como cães furiosos a esticar as correntes. O frio cortava e a massa negra, amalgamada, de penitentes desembocava no adro. »
Augusto Alves da Silva
O nosso Cisco Kid
sábado, 24 de outubro de 2009
Liza Minnelli
«A actriz e cantora norte-americana Liza Minnelli deverá testemunhar perante um juiz nova-iorquino, no processo interposto em 2004 pelo seu motorista, que a acusa de obrigá-lo a manter relações sexuais com ela, informou sexta-feira o New York Post.» continuar a ler aqui.
Jornal de Notícias, 23/10/2009
Escalpes...
" Miss Murder of McCrea ", Filadélfia(1840 ?), litografia de Thomas Sinclair
«Uma mulher que, em Agosto, apareceu nua ao lado de um BMW a arder no Marco de Canaveses terá sido, afinal, protagonista de encenação de sequestro e agressões que incluíram arranque de couro cabeludo. Foi a conclusão da investigação da PJ. » continuar a ler aqui.
Nuno Miguel Maia, Jornal de Notícias, 23/10/2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
Leituras de domingo(2)
" Desafueros de la libido ", por Mario Vargas Llosa, El País, 18/10/2009
« O sol baixava. Os dois fugitivos ouviram uns gritinhos que pareciam de vozes femininas; não se percebia bem se eram gritos de dôr ou de alegria. Êles puzeram-se logo em pé, com a inquietude e o alarme que tudo inspira num lugar desconhecido. Os clamores partiam de duas raparigas inteiramente nuas que corriam vivamente na borda do prado, seguidas por dois macacos que lhes mordiam nas nádegas. Cândido apiedou-se. Como, durante o seu tempo de serviço no exército búlgaro, havia aprendido a bem atirar e teria furado uma avelã numa moita sem tocar nas folhas, tomou a espingarda e matou os dois macacos.
- Graças a Deus, meu querido Cacambo, disse êle, salvei dum enorme risco essas pobres criaturas. Se cometi um pecado na hora em que matei um inquisidor e um jesuíta, reparei a minha falta salvando a vida de duas mulheres. Talvez sejam pessôas de categoria e esta aventura nos venha a trazer algumas vantagens no país.
Ia continuar, mas sentiu a língua prêsa quando viu as raprigas beijarem ternamente os dois macacos, debulharem-se em lágrimas sôbre os seus corpos, e encherem o espaço dos mais dolorosos gritos.
- Não esperava encontrar tamanha bondade, disse êle a Cacambo, o qual lhe replicou:
- Meu amo, o senhor meteu-se em bôa! Decerto matou os dois amantes dessas meninas!
- Amantes? exclamou Cândido. Será possível? Tu zombas de mim, Cacambo, não posso acreditar-te!
- Meu querido amo, respondeu Cacambo, o senhor espanta-se de tudo e de nada. Porque lhe parece tão extaordinário que nalgumas regiões os macacos obtenham as complacências das damas? Êles têm o seu bocado de homens, tal como eu tenho um quarto de sangue Espanhol.»
Excerto de " Cândido " de Voltaire, Trd. Maria Archer, Ed. Guimarães & Cª Editores
Auto-de-fé
sábado, 17 de outubro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Canção do dia(4) : " Arrependimento " - Sam the Kid(2002)
Jorge Luís Borges
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
No seu aniversário
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Canção do dia(2): " The Girl From Ipanema " - Astrud Gilberto(1964)*
* Música composta por Tom Jobim, incluída no álbum "Getz/Gilberto"(1964) de Stan Getz e João Gilberto.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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