Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Upperclass Twit (Idiota de Classe Alta do Ano) - Monty Python

Biggus Dickus (A Vida de Brian) - Monty Python

Negativland's Mashin' of the Christ

Devo -" Beautiful World "

Sugarcubes -" Deus "


Imagem captada no blogue Ilustração Portuguesa.

Luís Filipe Meneses e os tubarões

Ler aqui artigo de Rui Ramos, publicado no " Público" de 19/12/2007.

A tragédia de Mayerling na história das moscas*

" Voltando às moscas... Imaginemo-las em plena cópula. Seguramos o mata-moscas, estudamos o melhor ângulo para o balanço. Balançamos. As duas moscas caem no chão, coladas uma à outra. Arremetemos outra vez e elas, sempre coladas, escapam-se antes de o mata-moscas aterrar. O mata-moscas estonteou-as, mas elas resistem, sempre coladas uma à outra: saltam, estebucham, voltam a saltar, porém cada vez mais baixo, mais rente ao chão, asas translúcidas e trementes, estropiadas mas ainda sôfregas, sempre lúbricas até ao derradeiro alento. Mesmo no estertor da agonia, as moscas optam pela paixão da morte conjunta. A tragédia de Mayerling na história das moscas."


* Excerto de " As Contadoras de Histórias", Fernanda Botelho, Biblioteca Prestígio,2001

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Notas sobre a politica e o Estado em Maquiavel -Hannah Arendt


"O primeiro capítulo do Príncipe contém o quadro conceitual principal de toda a obra. O Príncipe é como a condensação dos Discorsi [os Comentários à Primeira Década de Tito Lívio], os Discorsi são um comentário do Príncipe; a ênfase do Príncipe incide nas "monarquias", nos Discorsi, sobre as "repúblicas", mas a monarquia e a república estão presentes nas duas obras. Para Maquiavel é decisivo que ele tenha achado uma nova palavra para designar ambas. Essa palavra é Estado."
Ler aqui texto publicado na revista Lua Nova: Revista de Cultura e Política.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Comparar com o presente(1)

Shape your product future with U.S. Royalite United States Rubber, 1960

Billie Davis - 'Whatcha Gonna Do'

Verão e Amor

Jantzen, 1946 Pete Hawley

Peter and Gordon -" A World Without Love"

Pop Gear - Gold Pants Dance

The Honeycombs in Pop Gear

Consumir sem pensar no dia seguinte

Ethyl Avenue, 1953 Ric Howard (1912-1996)

A felicidade de ter um frigorífico bem recheado

General Electric, 1952

Nick Cave -" The Ship Song "

Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não o fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada.

O sol doira

Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.

E a brisa, essa,

De tão naturalmente matinal,

Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,

Esperar por D. Sebastião,

Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca

Só quando, em vez de criar, seca

O mais do que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças

Nem consta que tivesse biblioteca...

" Liberdade" de Fernando Pessoa

Utopias

Brian Eno & David Byrne - "Mea Culpa "

" - Quando conversar com um proletário, serei vermelho. Agora estou à conversa consigo e digo-lhe: a minha sociedade inspira-se naquela que no princípio do século nono organizou um bandido chamado Abdla-Aben-Maimum. Naturalmente, sem o aspecto industrial que eu confiro à minha e que será forçosamente uma garantia do seu sucesso. Maimum quis fundir os livres pensadores, aristrocatas e crentes de duas raças tão distintas como a persa e a árabe, numa seita na qual implantou diversos graus de iniciação e mistérios. Mentiam descaradamente a toda a gente. Aos judeus prometiam a chegada do Messias, aos cristãos a de Paracleto, aos muçulmanos a de Madhi... foi de tal modo que uma turba de gente com as mais distintas opiniões, situação social e crença, rabalhava em prol de uma obra cujo verdadeiro fim era conhecido por muito poucos. Desta forma Maimum esperava chegar a dominar por completo o povo muçulmano. Escuso de acrescentar que os directores do movimento eram uns cínicos estupendos, que não acreditavam absolutamente em nada. Nós vamos imitá-los. Seremos bolcheviques, católicos, fascistas, ateus, militaristas, em diversos graus de iniciação."

Excerto de " Os sete loucos", de Roberto Arlt, Trd. Rui Lagartinho e Sofia Castro Henriques, Ed. Cavalo de Ferro,2003



Brian Eno & John Cale - "One Word "

"S.Paulo 451" - Belle Chase Hotel

Arizona Dream (Kusturica, 1993) - Talent Show

Bow Wow Wow -" I Want Candy "

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

" Independança " - GNR

" Eis que aterro sobre a data da gravação deste LP. Ouvi pré-misturas, ideias, convivi com problemáticas teóricas de conciliação do que se pretende com o que pode ser feito aqui em Portugal. Discuti. Abri a minha consciência para o GNR. Escutei o Miguel Megre numa inabitual revelação de teclados e absorvi a sua silenciosa sensibilidade. Enfrentei a solidão irónica mas não menos brutal e exacta do Toli e topei um Alexandre Soares sensual, noutra onda, mas sabedor que ele havia criado o GNR: um grupo famoso do rock português, por dois ou três êxitos de malabarismo artístico e melodias persuasivamente comerciais. Porém apercebi-me da nova dimensão do grupo: presenciava a rotura entre o que fora rock imitador e o que poderia ser rock autónomo no domínio da concepção e da curtição, se bem que servo da tecnologia do rock internacional mais avançado. A ideologia da New Wave dominava o conjunto. O GNR avançou com as suas forças de choque: ousou este LP com uma composição de 27 m num só lado do disco, metronomicamente hipnótica, ilustrada de citações do mais up to date Marquis de Sade ou Talking Eno Heads, ambiciosamente jogando com poesia experimental, live in studio, improvisando na cold wave, teoricamente afirmando saber que Berio existe e abominando o "rock português" no sentido em que qualquer revolução clama contra os valores dominantes. E o Ricardo Camacho foi um bom co-produtor porque nada proibiu. O Vitor revelou-se-me como o grande músico português do rock, como Sarbib é no Jazz ou Emanuel Nunes é na música erudita. Com o seu lugar-tenente Miguel, inventor de invenções melódico-tímbricas, e o seu corpo de ataque de Toli, exímio monomaníaco da tarola, batera-pop, parceiro indispensável para os esquemas robóticos da rítmica exigente do rock contemporâneo. Do Reininho eu era íntimo da sua raríssima cultura de poesia e rock vanguardistas e sabia-lhe da habilidade audio-teatral para a música mas a sua persona vocal, neste LP, surpreendeu-me pelo trémolos ferry-arabizantes, as modulações aleatórias e a capacidade de poder cantar com o GNR, o grupo do momento. Nesta faixa infinita o Vitor foi freetless, frippless, frithless, Artista de Rock.
No lado I procura-se demonstrar um domínio sobre os padrões mais exóticos da new wave dividido em temas que vão dos arranjos de Japan, até ao piano acústico de Corea; colagens sniffantes de pop art; coca-sounds; feed-backs; dissonoes-tupefacto nas actividades digitais; - se algum momento é fraco neste oceano de energia libidinal ele é rotulado por uma pseudo-crítica como "rock português" - mas compreende-se, o disco é feito inteiramente por portugueses.

Electro-scats, multi-ressonâncias, misturas devolucionais, escato-poemas, remoto-melodias, galactico-imitações, lúdico-virtuosismos de baixo, sincronias metamáticas da percussão, passas de strings, etc... cibernantropicamente concluindo: " Independança" é a obra de rock feita em Portugal com maior qualidade e vanguardismo, e o GNR é a mais promissora instituição sonora para produzir rock nas ecologias artificiais da nossa imaginação. "

Jorge Lima Barreto

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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