Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com
sexta-feira, 20 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
«Os pensamentos maus não me largam. Mais do que aquilo que aconteceu: é estar a acontecer tantas vezes. Uma amiga trabalhou durante anos num emprego que não a satisfazia, apenas com um objectivo: juntar o dinheiro suficiente para passar o resto da vida a viajar. E conseguiu. Mas no mês em que se despediu foi-lhe detectado um cancro. Outro amigo esperou pacientemente pela idade da reforma, para finalmente conseguir escrever um livro. Nos últimos anos vivia para isso. Comprou uma pequena casa no campo, preparou tudo. Depois sofreu um AVC e deixou de conseguir pensar. Outro ainda investiu tudo no casamento. O que ele abandonou por aquela mulher! Mas quando tinha criado um paraíso para viver o grande amor, ele extinguiu-se. Não foi ela, foi ele que deixou de amar.
Lembrei-me do prior da Cartuxa, que me falou do dia em que deixou de acreditar em Deus. Um homem que desistiu de tudo, para passar a vida fechado num convento. E de repente, sozinho na sua cela, à noite, descobre que perdeu a fé. "Deus ausenta-se", sussurrava o prior, apavorado.»
Lembrei-me do prior da Cartuxa, que me falou do dia em que deixou de acreditar em Deus. Um homem que desistiu de tudo, para passar a vida fechado num convento. E de repente, sozinho na sua cela, à noite, descobre que perdeu a fé. "Deus ausenta-se", sussurrava o prior, apavorado.»
Paulo Moura, Pública de 15/05/2011
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Suícidio
Fotografia de GMB Akash, da série : Suicide cotton farmers in India
Os pequenos agricultores que produzem algodão, suicidam-se com frequência devido à destruição das colheitas, causada pelas intempéries.
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domingo, 15 de maio de 2011
«Estás em perpétua contradição. Inutilizas-me metade da vida e nunca me pude desfazer de ti. Nesta luta de todos os dias, quando me julgo livre, é quando te sinto todo o peso.
Isto é de certo a vida. Mas a vida é também o instinto que me diz: - Aproveita, não deixes fugir o único minuto. Se a vida é um momento entre o nada e o nada, o que vale a pena é aproveitá-lo.»
Excerto de "Húmus", Raul Brandão
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«É que a morte regula a vida. Está sempre ao nosso lado, exerce uma influência oculta em todas as nossas acções. Entranha-se de tal maneira na existência, que é metade do nosso ser. Incerteza, dúvida, remorso... Nunca se cerra de todo a porta do sepulcro, sentimos-lhe sempre o frio. Agora não, a vida pertence-nos. A morte não existe, desapareceu a morte...»
Excerto de "Húmus", Raul Brandão
Excerto de "Húmus", Raul Brandão
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«Só a insignificância nos permite viver. Sem ela já o doido que em nós prega tinha tomado conta do mundo. A insignificância comprime uma força desabalada.»
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«Estamos aqui todos à espera da morte! Estamos aqui todos à espera da morte!»
Excertos de "Húmus", de Raul Brandão
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«Estamos aqui todos à espera da morte! Estamos aqui todos à espera da morte!»
Excertos de "Húmus", de Raul Brandão
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A propósito da Alma
« - A alma - diz ele - , ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia toma cor. Há-os cuja alma é duma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes de a matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluídos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível. É assim que o homem faz parte da estrela e a estrela de Deus.»
Excerto de "Húmus", de Raul Brandão
Excerto de "Húmus", de Raul Brandão
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