Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sábado, 4 de outubro de 2008

A decadência...


" Não é a primeira vez que minhas pernas fraquejam quando me levanto bruscamente. Dou três passos bobos, antes de me firmar, e a magrinha ri, pensa que estou bêbado. Lembro-me do meu pai, que se queixava de dormências, achava que era cardíaco e fazia check-up todo o mês. Ao deixar-mos a sala de jantar, a magrinha adiante e o meu cunhado logo atrás de mim, precipito-me no banheiro. Sempre que preciso urinar às pressas, lamento usar o pau do lado direito, que é o lado errado, o que me obriga a dar-lhe um nó antes de o trazer para fora. Viso afinal o centro da latrina, tenho a bexiga repleta, mas o líquido arde e se recusa a extravasar. Algo me inibe. É como se a mão que segura o pau não me pertencesse. Vem-me a sensação de ter ao lado alguém invisível segurando o meu pau. Agito aquela mão, articulo os dedos, altero a empunhadura, tomo consciência da minha mão, mas agora é como se eu manipulasse o pau de um estranho à minha frente: Já não sinto a bexiga, desisto, fecho a braguilha. "



1) Fotografia de Jane Birkin
2) Excerto de " Estorvo " de Chico Buarque
3) Música " La Décadance ", de Serge Gainsbourg, cantada por Serge Gainsbourg e Jane Birkin

A minha discoteca: " Calenture " - The Triffids (vinyl)




Bury Me Deep In Love

Save What You Can


Ver aqui ficha na Wikipédia.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A minha discoteca: " Remain in light " - Talking Heads(vinyl)







1. Born Under Punches (The Heat Goes On)2. Crosseyed And Painless3. The Great Curve 4. Once In A Lifetime5. Houses In Motion6. Seen And Not Seen7. Listening Wind8. The Overlord

Ver aqui na Wikipédia.

A minha discoteca: " Songs for the deaf " - Queens of the Stone Age(CD)




Another Love Song

Do It Again

Ver aqui ficha na Wikipédia.

A minha discoteca: " Colossal Youth " - Young Marble Giants(vinyl)




Constantly Changing

Credit in the Straight World

Ver aqui ficha na Wikipédia.

A minha discoteca: " Blonde on Blonde " - Bob Dylan(vinyl)




Rainy day women

I want you

Ver aqui ficha na Wikipédia.

A minha discoteca: " Bryter Layter " - Nick Drake(vinyl)




Northern sky

Fly

Ver aqui ficha técnica na Wikipédia.

Natureza barroca...


Domenico Scarlatti - Sonata in G - K108

Por C. Zacharias (?)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A minha biblioteca: "Por quem os sinos dobram" - Ernest Hemingway


Ver aqui ficha técnica.

A minha discoteca: "Songs to remember" de Scritti Politti(vinyl)




Jacques Derrida

Asylums in Jerusalem

Cúpido


Roy Ayers - "Love Fantasy"

Fotografias de João Cutileiro

Untitled, Londres, 1966(© João Cutileiro) «O género que mais fascina Cutileiro na fotografia é o retrato, com rosto ou sem ele, com roupa ou sem ela. Na exposição que vai abrir portas, que recupera imagens captadas em Inglaterra e em Portugal durante os anos 50, 60 e 70 e impressas pelo autor, não há grandes derivações. Revelam-se corpos ora em pose assumida e ambientes íntimos, ora em flirt a espreitar pelo buraco da fechadura. Em Blow Up (Hampstead Heath, 1965), Cutileiro lembra esse papel do fotógrafo como um caçador implacável a “roubar” imagens a casais incógnitos que rebolam abraçados pelos jardins. Na longa sequência La Grande Stripteaseuse (Londres, 1966) revela-se a cumplicidade entre retratista e retratado e mistura-se sensualidade com uma certa joie de vivre.» Sérgio B. Gomes, P2, Público de 01/10/2008

Abba - "Take a chance on me"

Lentes para ler nas entrelinhas...*

Ilustração de Henrique Monteiro
«Otras generaciones anteriores de mujeres dedicadas a la política (Golda Meir, Indira Gandhi, Margaret Thatcher, incluso hasta cierto punto Hillary Clinton) eran lo que suele llamarse mujeres "fálicas": actuaban como "damas de hierro" que imitaban y trataban de superar la autoridad masculina, ser "más hombres que los propios hombres". En un comentario reciente en Le Point, Jacques-Alain Miller destacaba que Sarah Palin, por el contrario, exhibe con orgullo su lado femenino y su maternidad. Ejerce un efecto "castrador" en sus oponentes masculinos, no porque sea más viril que ellos, sino porque emplea el arma femenina por excelencia, la degradación sarcástica de la autoridad masculina; sabe que la autoridad "fálica" del varón no es más que una pose, una apariencia que hay que explotar y ridiculizar.»
*El País Online,02/10/2008, Crónica de Slavoj Zizek

Slavoj Zizek es filósofo esloveno y autor, entre otros libros, de Irak. La tetera prestada. Traducción de María Luisa Rodríguez Tapia

Lambchop -" Is a woman "

Spiritualized - "Death Take Your Fiddle"

O corretor que perdeu a fé???!!!

Nikanor, de 32 anos, é monge. Vive na Bulgária, no velho mosteiro de Tsurnogorski, a 50 quilómetros de Sofia, capital. Foi ali que encontrou a fé, em Deus, depois de ter perdido a que depositava no sistema financeiro mundial.

Stoyan Nenov/Reuters, Público Online,02/10/2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Petite demoiselle


WC





Recordando as Doce(2)





Recordando as Doce(1)


Nirvana - "Come As You Are"

" Você vai aprender. Vai aprender a latir. A atacar. A morder. A farejar cocaína. A receber restos de comida. É isso, você aprende, ódio é uma coisa fácil de aprender. É mais fácil você aprender a odiar do que a cozinhar ou usar computador. Eles dizem, aquilo é uma merda, você acredita, aquilo é uma merda. Aquilo fede. Fede mesmo, eu sinto o fedor. Aquilo é podre. Podre, é podre, a gente aprende. O homem aprende tudo. Por isso o homem progride. A ciência progride. Os Estados Unidos progridem. A indústria. A tecnologia. Mas o coração do homem, eu ouvi um homem falando isso na televisão, um homem muito importante, o coração do homem não progride. Então, disse Érica, os progressos não servem para porra nenhuma, vacinas para salvar bestas, a verdade é essa. Mas isso não vem ao caso. Interessa é que você tem que tomar cuidado com esses caras porque senão, senão você vai aprender o que eles querem ensinar. Você vai se foder."

Excerto de " O Matador ", de Patrícia Melo, ED. Campo das Letras

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dias históricos que era melhor não conhecer*

Na sua autobiografia, Groucho Marx lembra aqueles dias em que se sentava no barbeiro, ouvia uma dica sobre acções que deviam ser compradas e corria - ainda com a toalha ao pescoço e o sabão de barba na cara - até à Bolsa mais próxima. Groucho era um humorista, preferia o sentido sorridente da vida, os dias do capitalismo feliz. A esses dias seguiu-se a Terça- -Feira Negra (29 de Outubro de 1929) com banqueiros a atirarem-se das janelas dos arranha- -céus. Interruptor para cima, interruptor para baixo - o mercado de capitais é assim e, ao que parece, não sabe ser de outra maneira. Enquanto focada na loucura por papéis - seja de jogadores tubarões ou pequenos accionistas - a Bolsa parece assunto de ficção. Dá bons filmes e livros, mas não lhe reconhecemos aquele suor com que se vive o quotidiano. Fazemos mal em pensar assim. Àquele crash de um dia, seguiram-se anos de Grande Depressão. Desemprego generalizado. Já não é tão fascinante e custa mais a passar.
* Ferreira Fernandes, DN, 30/09/2008

The Feelies -" Moscow Nights "

Vampire Weekend - " M79 "

Adolescência

"Há em cada adolescente um mundo encoberto, um almirante e um sol de outubro."
Em "Dom Casmurro" (1899)


"Aos quinze anos, há até certa graça em ameaçar muito e não executar nada."
Em "Dom Casmurro" (1899)


Frases de Machado de Assis sobre a adolescência.

As nossas acções não bastam para definir o nosso destino*

«Todos os anos, o mundo indigna-se com o Nobel da Literatura. Motivo? Philip Roth. Será possível que o mais brilhante escritor americano de hoje não ganhe o prémio? A pergunta é absurda por dois motivos. Primeiro, porque existem listas infindáveis de escritores maiores que falharam o Nobel (Joyce, Nabokov, Borges, etc.). E, segundo, porque o Nobel premeia escritores humanistas, ou seja, optimistas, que oferecem à Academia Sueca uma visão inspiradora, e muitas vezes sentimental, da natureza humana.

Roth é o avesso disto e o último livro, Indignation, acabado de sair por estas bandas, é talvez o exemplo mais radical do pessimismo de Roth. Em Indignation, encontramos Marcus Messner, estudante universitário que abandona a família em Newark para fugir de duas condenações: o talho do pai, onde se preparam carnes kosher, e a paranóia do mesmo, que começa a alimentar um medo irracional e mórbido com a segurança do filho. Um pequeno erro pode precipitar consequências catastróficas, diz esta Cassandra judia, que assim reproduz a definição clássica de tragédia. Fatalmente, a tragédia abate-se sobre o filho, que nos relata a sua vida, ou o fim dela, do outro lado da eternidade.

Memórias póstumas, como diria o outro, que apenas sublinham a tensão fundamental da obra de Roth: as nossas acções não bastam para definir o nosso destino; o imponderável intromete-se na nossa conduta, subvertendo muitas vezes as intenções primevas. Isso é particularmente pungente no caso de Marcus, apostado em conseguir o primeiro diploma da família e em escapar a um destino funesto; mas subitamente destruído por vontades alheias e erros menores. Indignation é o relato desse fim sangrento. Um fim só comparável ao dos animais no matadouro.»* Crónica publicada no Expresso Online de 29/09/2008, ler aqui na integra.

João Pereira Coutinho

Desejo adolescente...!!!

Excerto de filme "Gomorra", de Matteo Garrone

Materialismo armado!!!

Duras realidades em que não queremos pensar...


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Tv On the Radio - "Province"

TV On the Radio - "Golden Age"

...

Big Brother & The Holding Company - " Piece of my heart "(1968)

No centenário da morte de Machado de Assis


Ver aqui biografia na Wikipédia.
" Apesar de não ser dado a melancolias, nem achar que o ofício de banqueiro vá com tais lástimas, separei-me dele com simpatia. Vim pela Rua da Princesa, pensando nele e nela, sem me dar de um cão que, ouvindo os meus passos na rua, latia de dentro de uma chácara. Não faltam cães atrás da gente, uns feios, outros bonitos, e todos impertinentes. Perto da Rua do Catete, o latido ia diminuindo, e então pareceu-me que me mandava este recado: «Meu amigo, não lhe importe saber o motivo que me inspira este discurso; late-se como se morre, tudo é ofício de cães, e o cão do casal Aguiar latia também outrora; agora esquece, que é ofício de defunto.»
Pareceu-me este dizer tão subtil e tão espevitado que preferi atribuí-lo a algum cão que latisse dentro do meu próprio cérebro. Quando era moço e andava pela Europa ouvi dizer de certa cantora que era um elefante que engolira um rouxinol. Creio que falavam da Alboni, grande e grossa de corpo, e voz deliciosa. Pois eu terei engolido um cão filósofo, e o mérito do discurso será todo dele. Quem sabe lá o que me haverá dado algum dia o meu cozinheiro? "
Excerto de " Memorial de Aires", Ed. Livros Cotovia,2003


Cecilia Bartoli canta Giovanna d'Arco pt. 1 de Rossini, cantada originalmente por Marietta Alboni.

Na morte de Paul Newman


«Se apagó el azul. La mirada transparente de Paul Newman se rindió el viernes al embiste de un cáncer de pulmón que cerró para siempre los ojos más alabados de Hollywood. Películas como El buscavidas, Marcado por el odio o El juez de la horca están impregnadas del talento de este actor incorruptible al que la fama no consiguió transformar en carne de revista rosa. Tan célebre por su trabajo como por su activismo político, su generosidad filantrópica y su pasión por la velocidad (era piloto de automovilismo), Newman falleció en su granja de Westport (Connecticut) a los 83 años. Con cerca de un centenar de títulos a sus espaldas, un Oscar al mejor actor, otro honorífico, un premio de la Academia por su labor humanitaria y nueve candidaturas, sabía que la muerte le acechaba y el pasado agosto optó por abandonar el hospital y los tratamientos médicos para disfrutar en la intimidad de sus últimos días.»Barbara Celis,Nova York,28/09/08,El País Online


Paul Newman - "The Hustler"( 1961) Final Game

Elomar - "Arrumação "

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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