Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
A cidade dos que partem(3)
«Disseste que a Palmilha Dentada usa o teatro como arma política.
Mas, ao optarem por ser mais elípticos do que panfletários, dir-se-ia que
preferem usar fisgas em vez de Kalashnikovs...
Interessa-nos muito mais inquietar e provocar quem está adormecido do que estar a
desmontar ou a demolir os esquemas de alguns agentes políticos, que por si só não nos incomodam nada. A apatia incomoda-nos muito mais. Os níveis de cidadania em Portugal são vergonhosos. Nada nos mobiliza, estamos completamente apáticos, não
queremos saber de nada. E olhando para a cidade o que é que vemos? Está tudo à
espera que alguém faça alguma coisa, está tudo à espera que a conjuntura mude, seja
lá o que isso for, pode ser mudar de presidente da câmara, ou deixar passar a crise
económica, ou diminuir a nossa dependência do petróleo, e por aí fora.»
Mas, ao optarem por ser mais elípticos do que panfletários, dir-se-ia que
preferem usar fisgas em vez de Kalashnikovs...
Interessa-nos muito mais inquietar e provocar quem está adormecido do que estar a
desmontar ou a demolir os esquemas de alguns agentes políticos, que por si só não nos incomodam nada. A apatia incomoda-nos muito mais. Os níveis de cidadania em Portugal são vergonhosos. Nada nos mobiliza, estamos completamente apáticos, não
queremos saber de nada. E olhando para a cidade o que é que vemos? Está tudo à
espera que alguém faça alguma coisa, está tudo à espera que a conjuntura mude, seja
lá o que isso for, pode ser mudar de presidente da câmara, ou deixar passar a crise
económica, ou diminuir a nossa dependência do petróleo, e por aí fora.»
Excerto de entrevista de João Luís Pereira a Ricardo Alves, incluída no programa da peça de teatro " A Cidade dos que Partem ".
Ver aqui blogue de A Dentada da Palmilha.
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Ricardo Alves,
Teatro,
Teatro da Palmilha Dentada
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
" Mas eis que, no Inverno de 1918, a Cidade conheceu uma vida estranha, contrária à natureza, uma vida que, provavelmente, ficaria sem par nos anais do século XX. Todas as casas se encheram, a abarrotar. Os habitantes antigos e tradicionais apertavam-se cada vez mais, para acolher, de bom ou mau grado, os recém-chegados à Cidade. E estes vinham, precisamente, pela ponte esguia como uma flecha, vinham das regiões longínquas donde subiam misteriosas nuvens de fumo azulado.
Chegavam banqueiros em fuga, de cabelos grisalhos e acompanhados por mulheres; sensatos homens de negócios, que tinham deixado em Moscovo procuradores encarregados de estabelecer relações com o novo mundo prestes a nascer no império moscovita; proprietários que, secretamente, haviam confiado os seus imóveis a administradores fiéis; industriais, comerciantes, advogados e políticos. Chegavam, também, jornalistas de Moscovo e Sampetersburgo, almas vendidas, gananciosas e cobardes; cortesãs e mulheres honestas; famílias aristocráticas, cujas filhas puras se misturavam com as pálidas debochadas de Sampetersburgo, de lábios avivados a carmim; secretários de directores de gabinete e jovens pederastas passivos; príncipes e sovinas, poetas e usurários; polícias e actrizes dos teatros imperiais... Em suma, uma multidão que se esgueirava por todas as fendas e convergia para a Cidade."
Excerto de " A Guarda Branca ", de Mikhaïl Bulgakov, Trd. do francês por Fernanda Pinto Rodrigues, Ed. Pórtico, 1970
Revolução Russa, ver aqui na Wikipédia.
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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Em busca do essencial
" Que género de homem era aquele? Como acreditar que o amara ao ponto de unir a sua vida à dele? E, agora, como explicar aquela singular e profunda tristeza, na solidão do quarto, junto daquelas janelas cuja obscuridade lhe parecia, repentinamente, sepulcral? Mas nem naquele dia, nem durante todo o tempo - ano e meio - que vivera com ele, a sua alma encontrara o essencial, o não-sei-quê sem o qual nenhuma união pode subsistir, nem mesmo o brilhante casamento da bela, da maravilhosa Helena de cabelos de ouro vermelho com o ambicioso oficial do estado-maior general, apesar de todos os perfumes, capelines e esporas. De mais a mais fora uma união fácil, sem filhos, um casamento com um oficial do estado-maior general, um báltico sensato e circunspecto...
Mas que género de homem era aquele? E que essencial era esse, sem o qual a alma de Helena permanecia vazia?"
Excerto de " A Guarda Branca ", de Mikhaïl Bulgakov, Trd. do francês por Fernanda Pinto Rodrigues, Ed. Pórtico, 1970
Mas que género de homem era aquele? E que essencial era esse, sem o qual a alma de Helena permanecia vazia?"
Excerto de " A Guarda Branca ", de Mikhaïl Bulgakov, Trd. do francês por Fernanda Pinto Rodrigues, Ed. Pórtico, 1970
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Mikhaïl Bulgakov
Cachopa, cachopas, meninas e moças...
Hérois do Mar -" Cachopa"
«meninas e moças, cachopas e gaijas... e às vezes ele», excelente e divertido blogue, a imagem foi retirada do mesmo.
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
A cidade dos que partem(1)
Perante A Cidade dos Que Partem sentimo‑nos
como Anna Karina dentro do filme Made in USA,
um Godard dos anos sessenta. Ela dizia qualquer
coisa como isto: “Sinto que estou num filme
de Walt Disney protagonizado por Humphrey
Bogart, logo sinto que estou num filme político”.
E se a cidade do Porto desse um musical com
actualidade política dentro? A cantiga é uma arma
ou a arma é uma cantiga? João Luís Pereira
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
" Alguém te ouviu dizer: «Vou por vezes às mesquitas, onde a sombra é propícia ao sono...»
- Só um homem em paz com o seu Criador poderia pegar no sono num lugar de culto.
Apesar do trejeito dubitativo de Abu-Taher, Omar inflama-se e encarece:
- Não pertenço ao número daqueles cuja fé não é mais que terror do Juízo, cuja prece não passa de prosternação. O meu modo de orar? Contemplo uma rosa, conto as estrelas, maravilho-me da beleza da criação, da perfeição do seu ordenamento, do homem, a mais bela obra do Criador, do seu cérebro sequioso de conhecimento, do seu coração sequioso de amor, dos seus sentidos, todos os seus sentidos, despertos ou saciados."
Excerto de "Samarcanda", de Amin Maalouf, Trd. G. Cascais Franco, Ed. Biblioteca Sábado,2009
- Só um homem em paz com o seu Criador poderia pegar no sono num lugar de culto.
Apesar do trejeito dubitativo de Abu-Taher, Omar inflama-se e encarece:
- Não pertenço ao número daqueles cuja fé não é mais que terror do Juízo, cuja prece não passa de prosternação. O meu modo de orar? Contemplo uma rosa, conto as estrelas, maravilho-me da beleza da criação, da perfeição do seu ordenamento, do homem, a mais bela obra do Criador, do seu cérebro sequioso de conhecimento, do seu coração sequioso de amor, dos seus sentidos, todos os seus sentidos, despertos ou saciados."
Excerto de "Samarcanda", de Amin Maalouf, Trd. G. Cascais Franco, Ed. Biblioteca Sábado,2009
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