Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sábado, 19 de maio de 2007

Carlos Franco


Obra gráfica de Carlos Franco, ler aqui.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Eduardo Lourenço


Retrato de um pensador errante, biografia e entrevista publicada no " Público "

Fotografias de Leonard Nimoy











Leonard Nimoy, Mr. Spock, na série " Star Trek ", descoberta feita no jornal " La Republica ".




" Da indústria literária "

A democracia introduz não só o gosto pelas letras nas classes que trabalham na indústria, mas também o espírito industrial no seio da literatura.
Nas aristocracias, os leitores são difíceis e pouco numerosos; nas democracias, é mais fácil agradar-lhes e o seu número é prodigioso. Daqui resulta que no seio dos povos aristocráticos só se pode ter esperança de triunfar à custa de esforços imensos, esforços esses que, se por um lado podem proporcionar muita glória, por outro nunca trazem muito dinheiro; pelo contrário, nas nações democráticas, um escritor pode gabar-se de obter, sem grande dificuldade, um prestígio medíocre e uma grande fortuna. Para isso, não é necessário que o admirem; basta que o aprovem.
A multidão sempre crescente dos seus leitores e a sua necessidade constante de novidades asseguram a venda de um livro que não é, demodo nenhum, estimado.
Nas épocas democráticas, o público age frequentemente em relação aos autores como os reis costumam fazer com os cortesãos: enriquecem-nos e desprezam-nos. De que mais precisam as almas mercenárias que nascem nas cortes ou que são dignas de aí viver?
Este tipo de autores que apenas vêem nas letras uma indústria abundam nas literaturas democráticas e a alguns grandes escritores que aí possam existir pode-se contrapor milhares de vendedores de ideias. "

Capítulo XIV, " Da Democracia na América ", de Alexis de Tocqueville, Trd. Carlos Correia Monteiro de Oliveira, Ed. Principa, 2002

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Visita do Papa ao Brasil

Observe nas cenas, o indivíduo branco barbudo entre os índios. Ele é Hans Staden, um europeu que viveu entre os Tupinambás após ter naufragado com seu navio no litoral de São Vicente em São Paulo. Outra cena do ritual. Após ser separado em partes o prisioneiro era assado e depois consumido por todos. Pelo requinte no detalhamento da cena, observa-se claramente a exaltação do Europeu pelo mórbido e como forma de tratar os brasileiros como bárbaros. Gravura de Theodore de Bry feita por volta de 1540.
Ilustração de uma cena de canibalismo conforme relato de Hans Staden, um Europeu que conviveu com os índios na época do descobrimento. Estes relatos, a nosso ver eram muito fantasiosos e refletiam mais um desejo pelo exótico fantástico do povo europeu, que a realidade dos nossos antepassados. De acordo com relatos dos primeiros Europeus que por aqui passaram, principalmente Jean de Léry, um calvinista francês, os Tupinambás comiam seus adversários e acreditavam que com isso o espírito guerreiro do inimigo se incorporava ao seu. Gravura de Theodore de Bry feita por volta de 1540.

Bento ameaça os traficantes com o Inferno



Entretanto, na favela:


Adilson: Ô Zé, ‘tá aqui um cara dizendo que a gente vai p’ró inferno, Zé!


Zê Carioca: Quê?! Mete chumbo nele. ‘Tá esperando o quê?


A: Não Zé! O cara ‘tá na televisão.


ZC: Mas quem é esse cara, pô?


A: Não sei, ué! Mas diz ali que é alemão. É um cara esquisito à bessa, Zê.


ZC: Alemão e esquisito? Q’isso tem de mais, Adilson! Alemão é sempre esquisito. Deixa disso, homê, e vem aqui enrolar a maconha ou é você que leva bala.


Os evangelistas estão a conquistar o Brasil aos católicos. Não é de admirar. Bento chega e não sai do púlpito. Diz que o liberalismo é mau, quando o Brasil continua a crescer e a reduzir a pobreza devido ao tal liberalismo global (BRIC, Bento, Bric). E, oh terror, ameaça com o inferno os traficantes de droga. “Aposto que os caras já ‘tão tremendo” - é o que dirá, com cinismo, o povo brasileiro perante esta corajosa investida papal. O autismo católico é grande. Naturalmente, as pessoas reorientam as suas preces e rezas para quem dá uma resposta real ao seu dia-a-dia, os evangelistas. Se eu fosse dado a crenças, faria o mesmo.
Posted 14.5.2007 by Henrique Raposo

Gravura representando indígena Brasileiro

É importante que se diga que o ilustrador não presenciou nada disso, ele apenas retratou baseado em esboços recebidos dos viajantes e em descrições textuais que estes também fizeram. Nesta cena os índios, principalmente mulheres e crianças, consomem uma espécie de sopa, que conforme os relatos desse religioso que sequer falava a língua deles, consideravam muito substanciosa e que eles preparavam com as vísceras do prisioneiro. Gravura de Theodore de Bry feita por volta de 1540.

Gravura representando indígenas Brasileiros


Estas cenas foram originariamente retratadas por um religioso calvinista europeu, de nome Jean de Léry, e seu olhar tendencioso obedecendo aos critérios do europeu pelo exótico fantástico, se reflete claramente na descrição das cenas que fez para o ilustrador. Cena onde o prisioneiro está sendo preparado para ser comido. Aqui os Tupinambás separam as vísceras do inimigo para fazer o que eles chamavam de caldo. Gravura de Theodore de Bry feita por volta de 1540

Ilustração Brasileira

Vila Rica, atual Ouro Preto no início do século XIX.Thomas Ender - Aquarela sobre lápis.21,8x32,6 cm

Serra da Estrela na direção de Minas. Paisagem do início do século XIX.Thomas Ender - Aquarela sobre lápis.19,8x28,5 cm

Ilustração Brasileira

Vista parcial da cidade de São Luís no Mararnhão em meados do século XVIII.

Ópera

Ontem, na sua coluna do Diário de Notícias, escrevendo sobre direito de escolha, João Miranda afirma:«[...] Considere-se o exemplo da ópera. A ópera é um espectáculo sujeito às regras da escassez que, por ser especialmente caro e especialmente desinteressante, acaba por ser uma actividade residual. Claro que o direito negativo à escolha está garantido. Ninguém é impedido de ir à ópera. O problema, para a pequena minoria que gosta de ópera, é que em condições normais a procura não é suficiente para justificar espectáculos regulares de ópera. Se dependesse do mercado, essa pequena minoria ficaria sem o seu direito positivo à ópera. [...] Quando o Estado cobra impostos às pessoas que detestam ópera para pagar espectáculos às que gostam, prejudica as primeiras de duas formas. [...] Os subsídios à ópera são um caso particularmente perverso de intervenção estatal. O objectivo declarado dos subsídios é criar escolhas de modo a que ninguém possa ficar impedido de ir à ópera por razões económicas. No entanto, dado que a ópera é tendencialmente uma actividade que interessa muito mais aos ricos que aos pobres, existe uma grande probabilidade de serem os que têm menos escolhas a financiar os que têm mais escolhas.»Acompanho o raciocínio, mas não subscrevo. É que eu gosto de ópera. [Estou neste preciso momento a ouvir a Callas em L’altra notte in fondo al mare, do Mefistofele de Boito.] Perversão por perversão, a indústria do futebol não existiria nos moldes em que existe sem as mãos largas (e o conúbio político) do Estado. Ser para uma larga maioria não justifica tudo. Haverá sempre uma minoria lesada. O problema não está nos subsídios. Está no seu uso deficiente. O Estado devia ter a obrigação de promover a educação musical desde o ensino básico. E sobretudo devia obrigar o Teatro Nacional de Ópera, através de exigência contratual expressa (e não tácita), a promover récitas paralelas em recintos que permitissem preços acessíveis à maioria das pessoas, como aliás se fez até ao início dos anos 1980, fosse nos Coliseus de Lisboa e do Porto, no grande auditório do Centro Cultural de Belém ou no Pavilhão Atlântico. As pessoas “não gostam” porque não ouvem. E não ouvem por uma série de razões (e preconceitos) que o Estado podia e devia ajudar a ultrapassar. O americano médio, como o inglês ou o francês médios, não é mais culto que o português médio. Então por que carga de água as temporadas de ópera de Nova Iorque, Londres (ambas sem um cêntimo estatal) e Paris estão sempre esgotadas?
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posted by Eduardo Pitta at 12:55 PM

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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