Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sábado, 21 de novembro de 2009

Premonição?

« Quando está a viver o fim de uma ilusão política, a sociedade não tolera uma agonia lenta e dolorosa, como nas doenças terminais. Vai procurar uma resolução antes de a decadência gerar a desordem e a violência, com cada um a procurar sobreviver, com os meios e os métodos que tiver ao seu alcance. A sociedade vai procurar a vítima expiatória, aquele que tem de ser sacrificado para poder ficar como o culpado de tudo, libertando a sociedade das suas responsabilidades no logro, e abrindo o vazio no palco do poder para que tudo possa recomeçar. A vítima expiatória é o que revela o mal, tornando evidente a impossibilidade de governar, mas é o que abre o caminho para o bem, ao aceitar ser o culpado do mal. Poderia ter sido Santana Lopes, mas nem sequer se apercebeu da impossibilidade de governar, não servia para expiar as culpas colectivas. Será José Sócrates, como deve ser. É quem empenhou a honra na defesa de uma ilusão que melhor ilustrará a impossibilidade de governar nessa ilusão. É por ele que o real vai emergir.»


Excerto da crónica " A procura da vítima expiatória ", de Joaquim Aguiar, publicada na revista Atlântico Nrº 3, de 26/05/2005

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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