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segunda-feira, 7 de maio de 2007

Victor Cunha Rego

" Com insídia faz-se alastrar a ideia de que a informação e a opinião nos jornais, rádio e TV são destrutivas.
Até aqui as insinuações eram de pessimismo, o que não fazia grande mal por se tratar de um truque clássico: os optimistas vivem, em grande parte, de andarem às costas dos pessimistas e com isso obterem grandes lucros dentro do capitalismo ou o domínio burocrático dentro dos socialismos. A acusação de destrutividade é pior porque supõe uma agressividade maligna sem objectivos sociais ou necessidades biológicas.
Quem o faz, infelizmente, não leu Freud, Lorenz, Mumford, Bertteheim, Fromm e outros que de dicaram parte da sua vida a estudar a anatomia - a palavra é de Fromm - da destrutividade humana.
Se o tivessem feito veriam que os tais « destrutivos » são afinal aqueles que resistem à maior destruição: a da perda pelos indivíduos do papel activo e responsável na vida social, tornando-se apenas naquilo que supostamente devem ser aos olhos de quem dependem a partir do momento em que abdicaram das suas potencialidades.
A informação e a opinião percorreram, entre nós, um caminho enorme em 20 anos. è natural que ainda não sejam devidamente fundamentadas e tenham reacções corporativas ou de pequeno grupo privilegiado nos últimos anos pelos meios e pelas audiências de que, subitamente, passaram a dispor e pelas consequências de inesperadas crises estruturais, aqui e lá fora.
Mas a sua postura peca mais por falta de paixão do que por excesso. "

Incluído em " Os dias de amanhã ", Ed. Circulo de Leitores, 2000

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