"Eles estão por todo o sítio. No governo, na autarquia, na empresa privada, no escritório, no clube de futebol ou no café. Eles são tudo. Autarcas ou membros do governo. Engenheiros ou juristas. Sofisticados advogados internacionais ou solicitadores pataqueiros. Construtores ou intermediários. Dirigentes partidários ou gestores privados. Capitalistas ou burocratas. Diligentes funcionários públicos ou agentes privados. Eles fazem tudo. Compram partes de cidades e vendem bairros. Forçam à construção de auto-estradas úteis ou inúteis. Conseguem as autorizações para demolições duvidosas. Obtêm posições importantes na construção de estádios de futebol, de centros comerciais e de hospitais. Conhecem a lei melhor do que nimguém e, quando não conhecem ou esta não lhes é favorável, mudam-na. Derrogam os planos oficiais. Retiram terrenos da reserva agrícola. Eles sabem tudo. Têm planos de desenvolvimento e prometem levar Portugal para a frente. São optimistas. Acreditam no futuro. Apostam na inovação e no moderno. Eles estão no meio de nós. Portugal é um país de patos bravos. "
Excerto do artigo " Obras", escrito por António Barreto, publicado no Público de 06/05/2007
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