Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O ponto do Capitalismo(2)

" O capitalismo ganhou em toda a linha pela primeira vez na História. Só os cegos não vêem que esta foi a maior questão do século XX.
Quer dizer: a «libertação» dos preços no mercado e a «liberdade» da propriedade dos meios de produção associam-se aos chamados direitos do homem e partiram para a globalização das nossas vidas.
Ironia das ironias. Essa situação de hegemonia, ou até monopólio, é absolutamente contrária à natureza desse mesmo capitalismo, cujo primeiro fundamento - o mercado - é o da concorrência. É exactamente por não existir essa concorrência na práctica do seu poder triunfante que ele nos obriga ao pensamento único - uma faca de dois gumes.
Bem podem os partidos ditos socialistas e sociais-democratas usar o unguento da solidariedade que nada pode afastá-los da farmacologia dos ultraliberais. A aceitação do modelo globalizante obriga-os a idêntica corrida à prosperidade dentro da maior ortodoxia financeira.
Pedir, por exemplo, ao Estado e ao Governo portugueses maior distância do empresariado seria pedir uma tarefa impossível porque é o capital - financeiro ou não - que hoje domina em toda a parte, como se pode ver nos balanços das grandes multinacionais e nos orçamentos de um vasto número de estados.
Renegados os sentimentos que lhes deram vida, esses estados e partidos não podem experimentar a paixão. Por isso buscam a excitação no desafio do sucesso sem perceberem, sequer, que o poder está a fugir-lhes das mãos.

Crónica " O ponto do Capitalismo ", de Victor Cunha Rego, publicada em 28/06/1998, no Diário de Notícias

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

FEEDJIT Live Traffic Feed