Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

domingo, 4 de novembro de 2007

" O Rapto das Filhas de Leucipo pelos Dioscuros " - Rubens


" Era O Rapto das Filhas de Leucipo pelos Dioscuros. Os Dioscuros, Castor e Pólux, os filhos do Cisne e de Leda, eram surpresos em plena acção. Castor, equestre e envergando uma armadura, já levantara do chão Hileira, a resplandecente, exuberantemente nua, em nu frontal. Mais um pouco e estaria ela ao colo dele, na garupa do cavalo castanho, que também de frente nos olha, com alguma mansidão e interiorizante certeza. Pólux está ainda no chão, de pé, nu da cintura para cima, e do chão levanta Febe, a luminosa, igualmente nua, mas virando-nos as costas com uma mão ainda pousada no pé de Pólux. Distam muito mais do outro cavalo, branco e feroz, que, com as patas dianteiras muito levantadas, domina o outro em altura e impera no quadro.
Muito mais tarde aprendi que as roubavam a outros gémeos, Linceu e Idas, filhos de Poseidon e que em sangue e violência acabaria esta história. Mas, em Rubens, e na verdejante paisagem da cena, não há sangue nem sequer há violência. As duas mulheres nuas estão mais desejosas do que atemorizadas, nas lácteas carnes, das mais lácteas do pintor delas, e em louríssimos cabelos. Os dois cavaleiros, muito mais encobertos do que as despidíssimas presas, são mais concentrados do que ferozes. O que possa haver de rapto e de turbilhão está nos dois cavalos, tão ou mais protagonistas da tela do que os dois gémeos e as duas mulheres.
Nessa altura, não sabia ainda que Castor e Pólux luzem nas noites estreladas, às vezes, como agora, em conjunção com Marte. Como o título do quadro só falava de Dioscuros e escuríssimos eram os corpos dos gémeos - escuridão acentuada pelo contraste com a brancura ofuscante das irmãs - como um dos cavalos é castanho e o outro branco, a sensação dominante é de luta entre o claro e o escuro, em que o claro perturbava muito mais do que o escuro. "
Excerto da crónica " A casa de Rubens (1), de João Bénard da Costa, publicado no P2 de 04/11/2007

4 comentários:

aluno disse...

nao posso dizer muita coisa orque nao li nada

Unknown disse...

Não se fala o porque da obra.

Oscar Niemeyer

Anónimo disse...

Eu precisava saber a história e onde essa obra está esposta. Alguém sabe me dizer um fonte de informações sobre ela? Agradeço a colaboração

skox disse...

Essa tela me lembra "O Rapto das Sabinas" !!! Adorei este blog ...😃😄😎

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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