Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

domingo, 10 de agosto de 2008

O real e o imaginado


" Eram os acontecimentos que surgiam no livro que estava a ler; é verdade que as personagens por eles afectadas não eram «reais», como dizia a Françoise. Mas todos os sentimentos que a alegria ou o infortúnio de uma personagem real nos fazem experimentar só acontecem em nós por intermédio de uma imagem dessa alegria ou desse infortúnio; o engenho do primeiro romancista consistiu em compreender que no aparelho das nossas emoções, como a imagem é o único elemento essencial, a simplificação que consistiria em suprimir pura e simplesmente as personagens reais seria um aperfeiçoamento decisivo. Um ser real, por muito profundamente que simpatizemos com ele, é em grande parte apreendido pelos nossos sentidos, o que quer dizer que permanece para nós opaco, que apresenta um peso morto que a nossa sensibilidade não pode levantar. Se é atingido por uma infelicidade, só numa pequena parte da noção total que ele tem de é que podemos comover-nos com isso..."
Pintura:Jackson Pollock - "Composition"
Excerto de " Á procura do tempo perdido ", de Marcel Proust, Trd. Pedro Tamén

1 comentário:

vírus disse...

"A sabedoria não se transmite, é preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas."

Marcel Proust"

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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