Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sábado, 8 de dezembro de 2007

O misticismo industrial

" - De maneira que uma das bases da sua sociedade será a obediência?...
- E o industrialismo. Faz falta outro para prender a consciência dos homens. Tal como houve o misticismo religioso e o cavalheiresco, há que criar o misticismo industrial. Fazer ver ao homem que é tão belo ser chefe de um alto forno como descobrir um continente. O meu político, o meu aluno político na sociedade será um homem que pretende conquistar a felicidade através da indústria. Este revolucionário saberá falar tão bem de um sistema de estampagem de um tecido como da desmagnetização do aço. ........Criar um homem soberbo, bonito, inexorável, que domina as multidões e lhes mostra um porvir baseado na ciência. De que outra forma é possível uma revolução social? O chefe de hoje terá de ser um homem que saiba tudo. Nós criaremos este príncipe de sapiência. A sociedade encarregar-se-á de confeccionar a sua lenda e estendê-la. Um Ford ou um Edison têm mil probabilidades mais de provocar uma revolução que um político. Você acha que as futuras ditaduras serão militares? Não senhor. O militar não vale nada ao pé do industrial. Pode ser um seu instrumento, nada mais. É tudo. Os futuros ditadores serão Reis do petróleo, do aço, do trigo. "


Excerto de " Os Sete Loucos ", de Roberto Arlt, Trd. Rui Lagartinho e Sofia Castro Rodrigues, Ed. Cavalo de Ferro,2003

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