Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Lolita


" Contudo, não enfadarei os meus eruditos leitores com um relato pormenorizado da presunção de Lolita. Bastará dizer que não detectei o mínimo vestígio de pudor naquela bonita jovem, ainda mal formada, a quem a co-educação moderna, os costumes juvenis, o diabo do acampamento, e etc., tinham depravado absoluta e irremediavelmente. Considerava o acto completo do amor apenas como uma parte do mundo furtivo dos jovens, desconhecido dos adultos. O que os adultos faziam com fins procriativos não era com ela. A minha virilidade foi manejada pela pequena Lo, de um modo enérgico e prosaico, como se fosse um mecanismo insensato em nada relacionado comigo. Embora ansiosa por me impressionar com o mundo dos garotos tesos, não estava de modo algum preparada para certas discrepâncias entre a virilidade de um fedelho e a minha. Só o orgulho a impediu de desistir - pois, na estranha situação em que me encontrei, fingi uma estupidez suprema e deixei-a proceder à sua maneira - pelo menos enquanto pude resistir. Mas, na realidade, estas questões são irrelevantes; não estou interessado no chamado «sexo», nada interessado. Qualquer pessoa pode imaginar esses elementos de animalidade. Um grande empenho me seduz e obriga a prosseguir; estabelecer de uma vez para sempre a perigosa magia das ninfitas."




Excerto do livro " Lolita "(1955), de Vladimir Nabokov,Trd. Fernanda Pinto Rodrigues, Ed. Biblioteca Sábado,2009


Filme de Stanley Kubrick(1962)

Fotografia de Lészai István

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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