Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O fim da nossa história? *

«Portugal está sem destino.Deixou de ser um país colonial.Já não é um "bom aluno da "Europa". Pior ainda, apesar de muito esforço e muita propaganda,não se conseguiu "modernizar".O "atraso" continua e até aumentou. Não se vive hoje como se vivia durante Salazar, mas também não se vive numa mediocridade tranquila. Pelo contrário, o mundo muda e a insegurança cresce.O mundo muda e Portugal não se adapta:o desemprego cresce;as pensões diminuem, a educação é um artifício, o serviço de saúde vai pouco a pouco empobrecendo e a fisco oprime toda gente.No meio disto,o país não quer,nem está à espera de nenhuma reviravolta dramática.A "Europa",por que antigamente suspirava,obriga à imobilidade.É uma espécie de paragem definitiva,para além da qual nada existe - é pelo menos,por um verdadeiro "fim da história".
De resto,trinta e tal anos de regime criaram um cinismo político geral.À volta do PS e do PSD há meia dúzia de fanáticos,que ninguém leva a sério, e uma corte de carreiristas,que ninguém respeita.Tendo governado o país simultânea ou alternadamente,nem o PS nem o PSD inspiram hoje qualquer confiança.Colonizaram o Estado e a administração local por interesse próprio e cometeram(ou permitiram que se cometessem)erros sem desculpa.Desorganizaram a sociedade,ou mesmo impedirem que ela se fosse por sua vontade organizando, e levaram Portugal a uma espécie de paralisia de que não se vê saída.Apesar de um ou outro protesto corporativo, o público já não se interessa pelo seu futuro,ou pelo seu presente,colectivo.
Nem Sócrates,nem Ferreira Leite percebem,no fundo,o que se passa.Sócrates persiste em repetir a sua velha ladainha,inteiramente desacreditada,com o entusiasmo de 2006.Ferreira Leite(agora"tia Manuela",como agora popularmente lhe chamam)critica a evidência e recomenda os remédios do costume.Cada um à sua maneira,os dois falam uma nova "língua de pau",que os portugueses não ouvem ou que não registam.Talvez por isso,não falam muito e quando falam,excepto pelas querelas de partido e pelo vaguíssimo contraste entre o maior "liberalismo" de Ferreira Leite e o improvisado "neo-keynesianismo" de Sócrates,concordam no essencial.O PS e o PSD são o regime e não podem ou tencionaram tocar no regime.A reforma de Portugal,se por absurdo vier,não virá dali.»

* Crónica de Vasco Pulido Valente,Público de 12/09/2008

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