Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sexta-feira, 15 de maio de 2009

« Pensava ele que a saída da prisão iria marcar o início da sua libertação... Mas é a partir de agora que se vai sentir acossado, acossado por uma matilha de pessoas, sem entender porquê. Fugi de Paris porque já não tinha forças... e provavelmente também porque me sentia farto do cerco que me faziam antigos e novos amigos, escreve ele a alguém que o não esqueceu quando ele estava preso. Foi então que os jornais começaram a publicar certas anedotas como a que se segue:

dois anos e meio, Jean Galmot recebia a visita dum jornalista com um nome bem parisiense: chamemos-lhe...
Jacob.
Acabada a entrevista, ia-se despedir a criatura quando Jean Galmot, depois de o ter observado, lhe perguntou:
- Está a olhar para essa pepita de ouro?... Trouxe-a da Guiana.
- É espantosa.
- Gosta? ... Pode ficar com ela. Mas seja amável comigo.
Jacob fica com a pepita, mas esquece-se mais tarde, quando Galmot está em apuros, de ser amável com ele ao escrever a entrevista...
Há dias atrás, depois da libertação do ex-deputado da Guiana, o nosso jornalista tentou de novo entrevistá-lo.
Mas não consegue e obtém de Galmot estas palavras:
- Tenho muita pena, meu caro... Agora já não há mais pepitas de ouro para lhe oferecer.»


Excerto de " Rum A vida secreta de Jean Galmot ", de Blaise Cendrars, Trd. Armando Silva Carvalho, Ed. Assírio & Alvim, 2005

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