«Tudo serve para lavar capitais: os bilhetes premiados das lotarias, os grandes «concertos» multitudinários, as universidades espaventosas, os casinos, os grandes acontecimentos desportivos, o negócio dos grandes empórios de roupas ou carros são alguns dos domínios - «artesanal» ao «industrial» - em que se transformaram as modestas lavandarias de Chicago dos anos 20.
E, é claro, o dinheiro que já foi possível depositar nos bancos ou investir no mercado de capitais constitui a «melhor» lavagem.
O grosso é da droga. Mas há outras fontes de receita como as clássicas armas, a velha prostituição ou a nova pedofilia.
Pelas informações que nos chegam, no sul do Senegal - a zona onde a Guiné meteu o dedo - planta-se droga para comprar armas a fim de alcançar o poder e receber o dinheiro do... petróleo. Quadro mais clássico não se arranjaria.
Com a Internet, a lavagem é rapidíssima. Disse-o, pela primeira vez, o FBI.
Com o euro - ou no decurso da passagem para o euro - a lavagem poderá ser enorme.
Já se sabia, mas nunca é de mais recordar.
E, assim, cada vez mais, todos nós, sem excepção, nos tornamos cúmplices passivos do crime organizado.
Não podemos, muitos de nós, ser acusados de tirar proventos desse facto ou, sequer, de favorecê-lo.
Mas ao não nos rebelarmos contra um sistema - o nosso - que gira dessa forma, somos o que somos.
Hipócritas e oportunistas? Mais, mais.
A desculpa é a de nem darmos por isso.
Crónica " O lixo dourado "(publicada no DN-1998(?)) e incluída no livro " Os dias de Amanhã ", Ed. Círculo de Leitores, 2000
Passados 11 anos:
Público, 15/04/2009
Fotografia de lavadeiras do Rio Lima, ler aqui texto de Luís Dantas.
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