“Já falei da louca, filha da lavadeira. Foi a primeira mulher nua que vi na minha infância. E, ainda agora, ao bater estas notas, tenho a cena diante de mim. Eu me vejo, pequenino e cabeçudo como um anão de Velásquez. Empurro a porta e olho. O espantoso é que sinto uma relação direta e atual entre mim e o fato, como se a memória não fosse a intermediária. A demente tem a tensão e o cheiro da presença viva. Mas como ia dizendo: - no fundo, encostada à parede, está a nudez acuada”. (p.39)
Excerto de "A menina sem estrela - Memórias", de Nelson Rodrigues; São Paulo: Companhia das Letras, 1999, Coleção das Obras de Nelson Rodrigues, sob a coordenação de Ruy Castro
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