Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

" O patriotismo pode muito bem ser, como disse o Dr. Johnson, «o último refúgio dos patifes», mas é também o primeiro recurso do tirano. As pessoas que têm medo dos estrangeiros são facilmente manipuláveis. A casta dos guerreiros, supostamente protectora da sociedade, amiúde torna-se numa máfia da protecção. Em tempos de guerra ou de crise, facilmente uns poucos roubam o poder da maioria com a promessa da segurança. Quanto mais oculto ou imaginário o inimigo, tanto melhor para impingir a sua aceitação. A Inquisição conheceu uma grande expansão porque lutava contra o Diabo. E a luta do século XX entre capitalismo e comunismo tinha todas as marcas típicas das velhas lutas religiosas. Será que defender um dos sistemas realmente valia o risco de rebentar com o mundo todo?

Agora estamos a perder liberdades duramente conquistadas, com o pretexto de uma «luta contra o terror» à escala mundial, como se o terrorismo fosse algo de novo. (Aqueles que acham que é uma novidade deviam ler The Secret Agent, um romance em que anarquistas bombistas suicidas rondam Londres carregados de explosivos; foi escrito por Joseph Conrad há 100 anos atrás. O fanático muçulmano está a mostrar-se um digno substituto do herético, do anarquista e, especialmente da Ameaça Vermelha tão conveniente para os orçamentos militares da Guerra Fria."


Excerto de " Breve História do Progresso ", de Ronald Wright, Trd. José Couto Nogueira; Música "Regiment", de Brian Eno e David Byrne

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

FEEDJIT Live Traffic Feed