3) « Não só Adão e Eva se fizeram expulsar do Éden, mas também a paisagem desgastada pela erosão que deixaram para trás preparou o palco para o Dilúvio de Noé. Nos tempos iniciais, quando os montículos da cidade eram baixos e facilmente transformáveis em pântanos, o único refúgio teria de ser um barco. A versão suméria da lenda, contada na primeira pessoa por um homem chamado Utnapishtim, soa como sendo real, com pormenores vívidos sobre o mau tempo invulgar e as barragens destruídas. Nesse relato podemos ver não apenas o antecedente da história bíblica, mas também o primeiro relato por uma testemunha ocular de uma catástrofe ambiental provocada pelo ser humano:
Nesses dias a terra era abundante, o povo multiplicava-se...Enlil ouviu o clamor e disse aos deuses reunidos em conselho que «o estrondo da humanidade é intolerável e já não se consegue dormir...» Portanto, os deuses concordaram em exterminar a humanidade.
Enlil, o deus das tempestades, é o instigador; outros, incluindo Ishtar, deusa do amor e rainha do céu (uma predecessora menos virginal de Maria) concordam. Mas Ea, o deus da sabedoria, avisa Utnapishtim num sonho: «Deita abaixo a tua casa, digo-te, e constrói um barco, abandona as tuas posses e procura a vida...Leva para o barco a semente de todas as criaturas vivas».
1) Sol Online,29/10/2008
2) José Saramago, no blogue O Caderno de Saramago
3) Excerto de " Breve história do progresso ", de Ronald Wright
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