Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Arca de Noé

1) «Ao ritmo do seu consumo actual, a Humanidade precisará de dois planetas no início da década 2030 para responder às suas necessidades, assinala hoje o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) »

2) «Não: agora devemos ser resgatados, os cidadãos, favorecendo com rapidez e valentia a transição de uma economia de guerra para uma economia de desenvolvimento global, em que essa vergonha colectiva do investimento de três mil milhões de dólares por dia em armas, ao mesmo tempo que morrem de fome mais de 60 mil pessoas, seja superada. Uma economia de desenvolvimento que elimine a abusiva exploração dos recursos naturais que tem lugar na actualidade (petróleo, gás, minerais, carvão) e que faça com que se apliquem normas vigiadas por uma Nações Unidas refundadas – que envolvam o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial “para a reconstrução e desenvolvimento” e a Organização Mundial de Comércio, que não seja um clube privado de nações, mas sim uma instituição da ONU – que disponham dos meios pessoais, humanos e técnicos necessários para exercer a sua autoridade jurídica e ética de forma eficaz.»

3) « Não só Adão e Eva se fizeram expulsar do Éden, mas também a paisagem desgastada pela erosão que deixaram para trás preparou o palco para o Dilúvio de Noé. Nos tempos iniciais, quando os montículos da cidade eram baixos e facilmente transformáveis em pântanos, o único refúgio teria de ser um barco. A versão suméria da lenda, contada na primeira pessoa por um homem chamado Utnapishtim, soa como sendo real, com pormenores vívidos sobre o mau tempo invulgar e as barragens destruídas. Nesse relato podemos ver não apenas o antecedente da história bíblica, mas também o primeiro relato por uma testemunha ocular de uma catástrofe ambiental provocada pelo ser humano:

Nesses dias a terra era abundante, o povo multiplicava-se...Enlil ouviu o clamor e disse aos deuses reunidos em conselho que «o estrondo da humanidade é intolerável e já não se consegue dormir...» Portanto, os deuses concordaram em exterminar a humanidade.

Enlil, o deus das tempestades, é o instigador; outros, incluindo Ishtar, deusa do amor e rainha do céu (uma predecessora menos virginal de Maria) concordam. Mas Ea, o deus da sabedoria, avisa Utnapishtim num sonho: «Deita abaixo a tua casa, digo-te, e constrói um barco, abandona as tuas posses e procura a vida...Leva para o barco a semente de todas as criaturas vivas».

1) Sol Online,29/10/2008

2) José Saramago, no blogue O Caderno de Saramago

3) Excerto de " Breve história do progresso ", de Ronald Wright

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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