Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

domingo, 15 de junho de 2008

A propósito da raça

" O povo é que faz a língua? Não exactamente.Há um comité tácito a determinar a língua que o povo deve ou não deve fazer. A última vítima do comité foi o próprio Presidente da Républica, que mencionou o Dez de Junho como o "dia da raça" e viu-se logo torpedeado por protestos do BE e do PCP. "Raça não se diz.
Por acaso, há quem discorde. E não, não é um skinhead. É, por exemplo, um cientista chamado Mark Pagel, que no corrente número da revista britânica Prospect recupera o conceito com intenções sérias. Resumindo imenso, Pagel defende que o uso grotesco do termo ao longo da História não o invalida: não sendo "superiores" ou "inferiores", as raças existem e traduzem-se nas múltiplas diferenças(genéticas,culturais)entre os grupos humanos. O ponto de Pagel é que, a partir da biologia, cada grupo(ou raça) tende a distinguir-se pela partilha de valores. Porém, todos os grupos se distinguem dos restantes animais por, juntamente com os valores, partilharem expectativas de cooperação, ou seja, a faculdade de nos relacionarmos com outrem sem esperarmos retribuição imediata. Se a cooperação é favorecida dentro de um determinado grupo, não está, graças ao egoísmo da espécie, restrita a tais fronteiras: as pessoas entendem-se com as pessoas que aceitam entender-se com elas. Dito de outra maneira, as particularidades desenvolvidas no interior de uma raça são o instrumento que permite ultrapassar as respectivas barreiras."

Excerto de crónica " Raça maldita", de Alberto Gonçalves, Diário de Notícias(15/06/08)


" Portugal é uma Raça, porque existe uma Língua portuguesa, uma Arte, uma Literatura, uma História(incluindo a religiosa) - uma actividade moral portuguesa; e, sobretudo, porque existe uma Língua e uma História portuguesas.
A faculdade que tem um Povo de criar uma forma verbal aos seus sentimentos e pensamentos, é que melhor revela o seu poder de carácter, de raça. "

Excerto de " Arte de Ser Português", de Teixeira de Pascoaes

1 comentário:

mdsol disse...

Também achei um exagero. Se bem que não o estranhe!
:)

Arquivo do blogue

Acerca de mim

" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

FEEDJIT Live Traffic Feed