" « Quando eu não existir, o que existirá? Não existirá nada. Pois onde estarei eu quando não existir? Será isso morrer? Não, não quero.»
Levantou-se de um salto, quis acender a vela, procurou-a com as mãos trémulas, derrubou a vela e o castiçal para o chão e deixou-se cair para trás, sobre a almofada. « Para quê? Tanto faz - disse consigo, olhando a escuridão com os olhos muito abertos. - É a morte. Sim, a morte. E nenhum deles sabe, nem quer saber, e não têm pena. Estão a tocar. (Ouvia através da porta o som das vozes e das cantorias.) A eles tanto se lhes dá, mas também eles hão-de morrer. Loucos! Eu antes, eles depois; e também a eles acontecerá. Mas estão alegres. Animais!» Teve um acesso de raiva. E sentiu um mal-estar de agonia, insuportável. Não é possível que todos estejam sempre condenados a este medo horrível. "
Excerto de " A morte de Ivan Ilitch ", de Lev Tolstoi, Trd. António Pescada
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