Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

domingo, 29 de março de 2009

Alminhas da Ponte








«Estamos prestes a chegar ao termo da nossa jornada,a ver o fim a esta digressão resplandecente. De uma banda a foz do Sousa, na outra margem, mais abaixo, Crestuma. Num jardim há uma estrela de flores, imensa, que quase cobre a ponta avançada do monte, coroado por uma espessa cabeleira de mata. É a casa de um velho e querido amigo... Só à noitinha, por este prolongado entardecer de Verão, entrámos no Porto, pusemos pé na terra firme da Ribeira, ao cabo de três belos dias de jornada. A velha cidade acolhe-nos neste lugar pitoresco, com o casario miúdo a escorrer pela escarpa abaixo, a gente palreia que se junta para nos receber, espantada com tais viajantes. Tudo faz lembrar o burgo antigo, amassado em pedra de granito e implantado aqui, no termo da caminhada do Douro, antes da última curva, em que pela assoreada barra se precipita no mar. Desembarcámos naquele ponto exacto da muralha, onde numa parede um painel de bronze, com as suas lâmpadas votivas, assinala a catástrofe da Ponte das Barcas, quando ali, no terror das Invasões Francesas, pereceu tanta e tão pobre gente. É um episódio doloroso que se conta na história deste nosso rio.»


1) Fotografia das "Alminhas da Ponte ", de Teixeira Lopes(Pai), via Wikipédia.
2) Fotografia de pormenor das " Alminhas da Ponte ", via altodominho.blogspot.com.
3) Música" Te Deum ", de João Domingos Bomtempo, via Youtube.
4) Excerto de " Douro abaixo "(escrito em Março de 1963), incluído no " Roteiro Sentimental Douro ", de Manuel Mendes, Ed. Afrontamento, 2oo2, 3ª Edição(1ª em 1964 e 2ª em 1967)

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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