Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sábado, 1 de dezembro de 2007

Sonhos de perigo

" Ele desconfiava de tudo isto. Dizia que os sonhos apropriados para um homem em perigo eram sonhos de perigo e que tudo o resto era o chamamento do langor e da morte. Dormia pouco e mal. Tinha sonhos em que ele e o rapaz caminhavam por um bosque em flor onde os pássaros voavam diante deles e o céu era tão azul que fazia doer a alma, mas estava a aprender a despertar precisamente quando penetrava nesses mundos em forma de canto de sereia. Ali deitado no escuro com o misterioso sabor de um pêssego proveniente de um qualquer pomar fantasma a dissipar-se na boca. Pensava que, se vivesse o suficiente, o mundo acabaria por se perder totalmente. Como o mundo agonizante habitado pelos que ficaram cegos há pouco tempo, todo ele a desvanecer-se lentamente da memória. "

TV on the Radio -" Dreams "

Excerto de " A estrada ", de Cormac Mccarthy,Trd. Paulo Faria,Ed. Relógio D´Água,2007

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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