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Nem sempre, é fácil, compreender o carácter aleatório das nossas memórias. Algumas, estão sempre presentes, outras, estão escondidas à espera que algo as desperte.
Encontrei recentemente esta fotografia de Vilar(Barrô), tirada em finais dos anos cinquenta(?).
E, fiz uma viagem no tempo:
Chamava-mos passadiço à passagem pedonal em madeira que unia a casa -em pedra, madeira e lousa -ao quintal que encimava o muro do lado direito. Ao longe vislumbra-se o Marão.
Nem a casa, nem o quintal, eram da minha família. Não me lembro, se algum dia, cheguei a atravessar o passadiço.
Sentia, um desejo imenso de subir as escadas em pedra, atravessar a pequena ponte a correr e penetrar no mundo desconhecido do quintal que eu não conseguia ver da estrada.
Imaginava, enormes árvores de fruto, e, flores, desconhecidas ainda para mim.
O meu pensamento vagueava pelas divisões da casa imaginando gestos, dizeres e amores escondidos.
O Marão, em fundo, fazia-me sonhar com a possibilidade de um dia o escalar.
3 comentários:
Temos poeta de memórias!
[O passadiço é bem interessante]
:))
Aproxima-se a velhice...
Infelizmente o passadiço já só existe na minha memória.
Bela prosa. Devia aventurar-se mais vezes.
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