Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Passadiço


























Nem sempre, é fácil, compreender o carácter aleatório das nossas memórias. Algumas, estão sempre presentes, outras, estão escondidas à espera que algo as desperte.

Encontrei recentemente esta fotografia de Vilar(Barrô), tirada em finais dos anos cinquenta(?).
E, fiz uma viagem no tempo:

Chamava-mos passadiço à passagem pedonal em madeira que unia a casa -em pedra, madeira e lousa -ao quintal que encimava o muro do lado direito. Ao longe vislumbra-se o Marão.

Nem a casa, nem o quintal, eram da minha família. Não me lembro, se algum dia, cheguei a atravessar o passadiço.

Sentia, um desejo imenso de subir as escadas em pedra, atravessar a pequena ponte a correr e penetrar no mundo desconhecido do quintal que eu não conseguia ver da estrada.
Imaginava, enormes árvores de fruto, e, flores, desconhecidas ainda para mim.

O meu pensamento vagueava pelas divisões da casa imaginando gestos, dizeres e amores escondidos.

O Marão, em fundo, fazia-me sonhar com a possibilidade de um dia o escalar.

3 comentários:

mdsol disse...

Temos poeta de memórias!

[O passadiço é bem interessante]

:))

O natural de Barrô disse...

Aproxima-se a velhice...
Infelizmente o passadiço já só existe na minha memória.

SV disse...

Bela prosa. Devia aventurar-se mais vezes.

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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