Luís António Cardoso da Fonseca Mail: luiscardosofonseca@hotmail.com

sábado, 21 de fevereiro de 2009

La aventura humana en el mediterraneo*

Mapa esquemático da Península Ibérica, Séc. XI

* Ver aqui exposição virtual no site do Ministério da Cultura Espanhol.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Postcards from Italy

As cidades e o desejo.5.*

" Dali, ao cabo de seis dias e sete noites, o homem chega a Zobaida, cidade branca, bem exposta à lua, com ruas que viram sobre si próprias como num cotovelo. Conta-se isto desde a sua fundação: homens de nações diferentes tiveram um sonho igual, viram uma mulher correr de noite por uma cidade desconhecida, por trás, de cabelos compridos, e estava nua. Sonharam que a seguiam. Ora um ora outro, todos a perderam. Depois do sonho andaram à procura dessa cidade; não a descobriram mas encontraram-se uns aos outros; decidiram construir uma cidade como a do sonho. Na disposição das ruas cada um refez o percurso da sua perseguição; no ponto em que tinha perdido o rasto da fugitiva ordenou diferentemente do sonho os espaços e as paredes de modo que ela já não lhe pudesse fugir.
Esta passou a ser a cidade de Zobaida em que se estabeleceram à espera de que uma noite se repetisse aquela cena. Nenhum deles, nem em sonhos nem acordado, voltou a ver essa mulher. As ruas da cidade eram as mesmas em que eles iam para o trabalho todos os dias, já sem nenhuma relação com a perseguição sonhada. Que de resto já tinha sido esquecida há muito tempo.
Chegaram mais homens de outros países, que haviam tido um sonho como o deles, e na cidade de Zobaida reconheciam algo das ruas do sonho, e mudavam de lugar pórticos e escadas para que se parecessem mais com o caminho da mulher perseguida e para que no ponto em que desaparecera já não tivesse saída.
Os primeiros chegados não compreendiam o que atraía esta gente a Zobaida, a esta feia cidade, a esta ratoeira."

*Capítulo de " As Cidades Invisíveis ", de Italo Calvino, Trd. José Colaço Barreiros, Ed. Biblioteca Sábado,2009

Josef Sudek


Neil Young: "Archives"

«Soube-se então que o primeiro volume da série corresponderá ao período entre 1963 - quando Neil Young tocava numa banda de surf-rock chamada The Squires (foi com eles que fez a sua primeira gravação oficial) - e 1972, o ano da gravação de "Harvest", o álbum de "The needle and the damage" ou "Heart of gold" e o seu maior sucesso comercial. Ou seja, terá o trajecto com os Buffalo Springfield e os Crosby, Stills, Nash & Young, bem como a primeira fase do percurso a solo. Composto por 10 discos em formato DVD e Blu-Ray, será acompanhado de um livro com 150 páginas.» Mário Lopes, Ípsilon,13/02/2009

Bailarina articulada

" Bailarina articulada " de Gino Severini, ver aqui no El Mundo Online.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

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Lolita


" Contudo, não enfadarei os meus eruditos leitores com um relato pormenorizado da presunção de Lolita. Bastará dizer que não detectei o mínimo vestígio de pudor naquela bonita jovem, ainda mal formada, a quem a co-educação moderna, os costumes juvenis, o diabo do acampamento, e etc., tinham depravado absoluta e irremediavelmente. Considerava o acto completo do amor apenas como uma parte do mundo furtivo dos jovens, desconhecido dos adultos. O que os adultos faziam com fins procriativos não era com ela. A minha virilidade foi manejada pela pequena Lo, de um modo enérgico e prosaico, como se fosse um mecanismo insensato em nada relacionado comigo. Embora ansiosa por me impressionar com o mundo dos garotos tesos, não estava de modo algum preparada para certas discrepâncias entre a virilidade de um fedelho e a minha. Só o orgulho a impediu de desistir - pois, na estranha situação em que me encontrei, fingi uma estupidez suprema e deixei-a proceder à sua maneira - pelo menos enquanto pude resistir. Mas, na realidade, estas questões são irrelevantes; não estou interessado no chamado «sexo», nada interessado. Qualquer pessoa pode imaginar esses elementos de animalidade. Um grande empenho me seduz e obriga a prosseguir; estabelecer de uma vez para sempre a perigosa magia das ninfitas."




Excerto do livro " Lolita "(1955), de Vladimir Nabokov,Trd. Fernanda Pinto Rodrigues, Ed. Biblioteca Sábado,2009


Filme de Stanley Kubrick(1962)

Fotografia de Lészai István

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A besta humana



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Os demónios...



" Constava na cidade que a nossa assembleia não era mais do que um viveiro de livres-pensadores, libertinos e ateus. Este zunzum circulava há muito tempo. No entanto, só tínhamos conversas à russa, isto é, absolutamente inofensivas, alegres e liberais. «Liberalismo puro», sem nenhum alcance prático, só é possível na Rússia. Estevão Trophimovich, como qualquer homem de espírito, necessitava de auditório - tanto mais que se queria convencer que cumpria uma obrigação propagando «ideias». Enfim, precisava de um grupo de amigos com que se pudesse beber, trocar opiniões respeitantes à Rússia, discutir a existência de Deus em geral e de um «Deus russo» em particular, e repetir pela centésima vez uma anedota escabrosa muito conhecida. Não desgostavam de espalhar notícias meio divulgadas e rematavam-nas sempre com uma sentença moral. Ali discutiram o futuro da Europa e de toda a humanidade. A França, depois de ter sofrido o domínio do cesarismo, ver-se-ia de um instante para outro relegada entre as potências de segunda categoria e todos se persuadiram de que isso aconteceria em breve e inevitavelmente. Quanto ao Papa, tinham profetizado que o seu papel depressa ficaria reduzido ao de simples arcebispo numa Itália unificada; aliás, nesta época de humanismo e de grandes indústrias, esse problema milenário não mais apresentava interesse. O «liberalismo russo» também nunca tratara desses assuntos."


Excerto de " Os Demónios ", de Dostoievski, Trd. Reis Madeira, originalmente publicado em 1872.
«Porque si la modernidad propuesta desde el manifiesto no puede ser más radical, tampoco puede ser más contradictoria. Son internacionales y son nacionalistas, revolucionarios sin intereses sociales; quieren cantar al peligro, exigen poetas ardorosos y rebeldes, glorifican la guerra -higiene del mundo-; son antifeministas y aspiran a quemar los museos, las bibliotecas y "las academias de todo tipo" en un mundo que deberá estar gobernado por la velocidad y en el cual "un automóvil de carreras que ruge es más bello que la Victoria de Samotracia".»


Excerto de artigo " Futurismo, um siglo a toda a velocidad ", de Estella de Diego, El País Online, 18/02/2009

Futurismo

« Por eso, tratar de encontrar la herencia futurista en la actualidad no parece de ninguna manera desatinada. Los planteamientos de los futuristas siguen vivos tanto en nuestra pasión de hoy por la técnica como en la crítica cultural a los museos, si bien, más mediocres que ellos, no terminamos de quemarlos.

Dejando a un lado las radicalidades vanguardistas, está claro que el Futurismo nos enseñó algunas cosas esenciales de la modernidad: a vivir deprisa, por ejemplo, pues como dijo Lacan, la realidad no nos espera.» Estrella de Diego, El País Online, 18/02/2009.

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" Uma geração de jovens americanos tinha saído diferente de cinco gerações prévias da classe média. A nova geração acreditava, mais do que qualquer outra anterior, na tecnologia, mas a geração também acreditava no L.S.D., em bruxas, em saber tribal, na orgia e na revolução. Não tinha qualquer respeito pela implacável lógica da próxima acção: a crença estava reservada para o acontecimento, em que não se sabia o que ia acontecer em seguida; isso é que era bom. O radicalismo deles estava no ódio à autoridade - a autoridade que cobrira o país com aqueles súburbios em que eles abafaram quando crianças, enquanto olhavam para os guardiões da celebridade genial e chata na televisão; o cérebro tinha-lhes sido furado, massacrado, contorcido, explorado e finalmente galvanizado em modos surrealistas do reagir, por meio dos anúncios que interferiam nas narrativas dramáticas, e os pais, que mudavam de estação constantemente, eram forçados, mesmo sem quererem, a construir a sua ideia do espaço-tempo contínuo (e consequentemente o seu sistema nervoso) com os saltos, os estalidos, os pulos e as quebras que todos os fenómenos do meio pareciam conter em si mesmos."


Excerto de " Os Exércitos da Noite ", de Norman Mailer, Trd. Hélio Osvaldo Alves, o original foi publicado em 1969.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

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" Muitas vezes, meu caro senhor, as aparências iludem, e quanto a pronunciar uma sentença sobre uma pessoa, o melhor é deixar que seja ela o seu próprio juiz. " Robert Walser

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